Casca do coco verde é usada para conter erosão

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As casas localizadas na faixa de praia do Bairro Serviluz, em Fortaleza (CE), sofrem há vários anos com a invasão da areia das dunas que são transportadas pelo vento. Esse processo é ainda maior a partir do mês de agosto e se estende até o fim do ano. O volume estimado é de 62 m³ de areia por metro de praia, no período de um ano. Para se ter uma idéia, isso equivale a 10 caçambas de caminhão cheias.

Estudos realizados pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, podem ajudar a solucionar o problema, que preocupa os moradores e o poder público.

Uma equipe da Embrapa desenvolveu, experimentalmente, uma manta geotêxtil a partir da casca do coco verde, que pode ser utilizada na contenção de dunas e encostas, na recuperação de áreas degradadas e na proteção de margens de cursos de água.

Segundo o engenheiro agrônomo da Embrapa Agroindústria Tropical, Adriano Mattos, essas mantas normalmente utilizam palhas ou fibras vegetais trançadas em malhas de nylon ou telas de polipropileno. “A utilização da casca do coco verde torna o produto altamente biodegradável”, explica Adriano. Ele acrescenta que as cascas do coco verde são um resíduo que vem causando sérios problemas para as prefeituras, em razão do volume que ocupam nos aterros sanitários.

A Embrapa Agroindústria Tropical já desenvolveu uma tecnologia e um conjunto de equipamentos para o processamento da casca de coco verde, transformando esse resíduo em pó e fibra. Esse trabalho viabilizou a implantação de uma unidade de beneficiamento no bairro do Jangurussu, em Fortaleza, com recursos do Banco Mundial, em parceria com diversas instituições públicas e privadas.

Projeto

Agora, um convênio assinado com a Prefeitura de Fortaleza, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), a Secretaria Executiva Regional II, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura, a Empresa Municipal de Limpeza Urbana e o Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente possibilitou o início do projeto “Métodos combinados para contenção do processo erosivo eólico na Praia do Serviluz”, elaborado pela Embrapa Agroindústria Tropical.

O objetivo do projeto é instalar cercas verticais de contenção, feitas a partir das mantas de coco verde. Essas mantas vão ajudar a barrar a ação do vento, evitando que as partículas de areia invadam as residências dos moradores da Praia do Serviluz.

Cobertura de solo

As mantas – que serão confeccionadas pela unidade de beneficiamento da casca do coco verde do Jangurusssu – também serão utilizadas como cobertura de solo para a plantação de espécies adaptadas ao ambiente, como cactáceas (palma forrageira), arbustivas (murici, guajiru, nim), frutíferas (cajueiro, goiabeira) e herbáceas (salsa, amendoim), além de canteiros com 14 espécies de plantas medicinais, como por exemplo alecrim pimenta, malvarisco, confrei, chambá, capim santo, hortelã japonesa e alfavaca .

A idéia, segundo o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical e coordenador do projeto, João Alencar, é que essa vegetação seja a responsável pela contenção definitiva da areia e, ainda, promova a melhoria do meio ambiente. “As plantas medicinais poderão ser utilizadas como matéria-prima para a produção de fitoterápicos, possilitando o acesso da população à saúde”, diz João.

Os trabalhos de sensibilização junto à comunidade do Bairro do Serviluz já foram iniciados. “Estamos realizando sete reuniões com os moradores para apresentar o projeto e para envolver a comunidade nas atividades”, conta João, adiantando que também estão previstos seis cursos – sendo três na área de educação ambiental e os restantes sobre produção de plantas medicinais.

Teresa Barroso (DRT 812CE JP)
Contatos: (85) 3299-1907 / 9953-8290
teresa@cnpat.embrapa.br

Fonte: http://www.renorbio.org.br/portal/noticias/casca-do-coco-verde-e-usada-para-conter-erosao.htm

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