Importância econômica da cocoicultura no Brasil

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Importância econômica da cocoicultura no Brasil

A produção brasileira de coco, que em 2001 chegou a 1,3 bilhões de frutos, está distribuída por quase todo o território nacional, com exceção dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em função das suas limitações climáticas durante parte do ano.

Em 1985 a área colhida com coqueiro no Brasil situava-se em torno de 166 mil hectares. E entre 1985 e 2001 houve um incremento na área colhida que ultrapassou os 100 mil hectares, dos quais estima-se que, 70% são representados pela variedade de coqueiro anão, 15% com coqueiro híbrido e 15% com coqueiro gigante.

Nesse mesmo período verificou-se um deslocamento das áreas tradicionais de produção de coco em direção às demais regiões do país, principalmente para o Norte e Sudeste, como mostrado na tabela 1. Pode-se constatar que a região Nordeste detinha em 1985, mais de 94% da produção e mais de 96% da área colhida com coco, diminuindo sua participação em 2001, para 71,2% da produção brasileira e para 87,6% da área total colhida. Em contrapartida, somando-se as produções das regiões Norte e Sudeste, observa-se que a participação destas, na produção total, passou de 5,6% para 28,8% entre 1985 e 2001. O aumento significativo tanto no porcentual de produção e principalmente do rendimento por hectare, observado para estas regiões, pode ser atribuído à utilização da variedade Anã Verde que se caracteriza por uma maior produção de frutos por hectare.

A participação dessas duas regiões no total da área colhida não acompanhou a evolução registrada pela produção naquele período, devido aos altos índices de rendimento obtidos em áreas de expansão recente da cultura, onde são utilizados sistemas de produção intensivos e alto grau de tecnologia, como aconteceu no Sudeste que, em 2001 chegou a atingir rendimento acima dos 14.869 frutos/ha, tendo como destaque o estado do Espírito Santo que conseguiu medias superiores aos 15.169 frutos/ha (Tabela 1).

Tabela 1. Evolução do rendimento e dos porcentuais de participação regional na produção e área colhida com coco, entre 1985 e 2001.

Região

% de Produção

% de área colhida

Rendimento/ha

1985 2001 1985 2001 1985 2001

Nordeste

94,4 71,2 96,2 87,6 3.354 4.070

Norte

3,8 14,8 2,3 7,7 5.642 9.692

Sudeste

1,8 14,0 1,5 4,7 4.207 14.869

Fonte: IBGE- Produção Agrícola Municipal.

Importância do coco seco no Brasil

A produção de coco seco no Brasil, concentra-se na região litorânea do Nordeste, cultivado de forma extensiva e/ou semi-extensiva, sendo o fruto comercializado in natura ou vendido para indústrias de alimentos que produzem o leite de coco e/ou coco ralado como principais produtos.

No Brasil, a cocoicultura gera emprego e renda para mais de 500 mil pessoas envolvidas diretamente no processo, além dos inúmeros empregos indiretos gerados ao longo da cadeia produtiva, nos setores secundário e terciário da economia (comércio, transportes, indústria de alimentos, insumos, têxtil, máquinas e equipamentos, embalagens, etc.) A cultura também é importante na formação do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) do Nordeste, sendo que a sua participação vem evoluindo positivamente nas últimas três décadas; de 1,77% em 1977, para 2,65% em 1989 (CUENCA, 1997). Em 2000 a cocoicultura chegou a representar 5% do valor gerado por toda agricultura nordestina. Se considerarmos apenas o VBPA gerado pelas fruteiras perenes, a cocoicultura respondeu, em 2000, por 20% do total (IBGE, 2002). Nessa região a cocoicultura gera emprego e renda para mais de 220.000 produtores, sendo que mais de 85% deles são pequenos produtores familiares, localizados principalmente nas regiões litorâneas, com propriedades inferiores a 10ha (IBGE, 1996).

A demanda de matéria-prima por parte das indústrias processadoras, para atender o mercado interno, é de aproximadamente 26.000 toneladas/ano de coco seco ralado (desidratado). As importações crescentes durante a década de 90, chegaram em 1996 ao pico máximo de 17.000 toneladas, colocando em xeque a sobrevivência dos cocoicultores, tendo em vista, a falta de mercado para comercialização de sua produção e a queda nos preços em função das importações. Essa diminuição de preços causou uma descapitalização dos produtores, deixando-os sem condições de aplicar as mínimas práticas de manejo, pois a receita obtida, na maioria das vezes, era insuficiente para cobrir os custos operacionais.

Em julho de 2002, o Sindicato dos Produtores de Coco (SINDCOCO) conseguiu sensibilizar as autoridades do Ministério da Indústria e Comércio que através do Grupo Executivo de Comércio Exterior (GECEX) aprovou a Medidas de Salvaguarda do Coco, que limitou as importações do coco seco em até 3.957 toneladas para os 12 meses seguintes, 4.154 toneladas no segundo ano, 4.353 no terceiro ano e 4.550 no quarto ano. Esta medida poderá ser estendida por mais quatro anos e em seguida por mais dois. Isto seguramente irá beneficiar os cocoicultores, os quais terão garantia da colocação do seu produto para atender a demanda cada vez mais crescente de coco seco.

Em função das perspectivas favoráveis de mercado, a implementação de um plano de recuperação e renovação do coqueiral brasileiro, constitui-se portanto como de maior importância, sendo necessário para suprir o mercado interno de matéria-prima e consequentemente a manutenção das medidas de salvaguarda impostas pelo governo brasileiro que limitam provisoriamente a importação de coco.

Importância do coco verde no Brasil

O aumento significativo da demanda por água de coco, observado nas últimas anos, gerou uma rápida expansão do plantio com coqueiros da variedade Anã, os quais, passaram a ocupar áreas não tradicionais de cultivo com esta cultura. Estima-se que atualmente mais de 57.000ha encontra-se implantada com esta cultura distribuídas entre as regiões Sudeste, Norte, Centro-Oeste, Semi-Árido do Nordeste etc.

Estes plantios encontram-se principalmente localizados em pólos de irrigação, sendo a produção voltada para atender o mercado de frutos verdes in natura para consumo da água de coco. Esta rápida expansão gerou um excedente de produção que se refletiu na queda de preço do produto, proporcionando em algumas situações, um deslocamento de parte desta produção para o segmento de coco seco, destinado à indústria onde atualmente é melhor o preço em relação ao coco verde.

A região Sudeste, principalmente os Estados do Espirito Santo e Rio de Janeiro, apresenta vantagens de localização em relação à região Nordeste, quando se considera as questões relacionadas com proximidade do mercado consumidor, possibilitando assim a oferta do produto a preços mais baixos. Alem disto, esta região apresenta maior renda per capita favorecendo inclusive o estabelecimento de indústrias processadoras.

No Espirito Santo, a expansão da área plantada passou de 1275ha, em 1990, para cerca de 8 mil ha em 1999, enquanto a produção de cerca de 3,6 milhões de frutos, em 1990, passou para mais de 73,9 milhões em 1999. No Rio de Janeiro, a área de plantio e a produção de frutos passaram de 603 ha e 4 milhões de frutos, respectivamente, em 1990, para 6 mil ha e mais de 25 milhões de frutos em 1999 (Rego Filho et al.,1999). Também no Estado de São Paulo, já em 1996/97, existiam um total de 2052ha plantados, dos quais apenas 308 encontram-se em produção.

No Centro-Oeste o Estado do Mato Grosso, pela sua proximidade com os países do Mercosul e pela possibilidade do escoamento fluvial da produção, apresenta grande potencial para a cocoicultura irrigada.

Fonte: Embrapa

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